Banco Central revê queda do PIB em 2020 a 5% e estima alta de 3,9% para 2021

Agronégócio

BRASÍLIA (Reuters) – O Banco Central melhorou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 a uma retração de 5,0%, sobre queda de 6,4% calculada em junho, conforme Relatório Trimestral de Inflação publicado nesta quinta-feira.

Ainda assim, a expectativa é um pouco pior que a estimativa oficial do Ministério da Economia, de um recuo de 4,7% para a atividade neste ano.

Para o ano que vem, o BC projetou uma alta de 3,9% para o PIB, mais otimista que o crescimento de 3,2% visto pelo Ministério da Economia.

Na semana passada, o BC manteve a Selic em sua mínima histórica de 2% ao ano após nove cortes consecutivos. Desde então, a autoridade monetária vem reforçando em suas comunicações que o espaço para reduzir ainda mais os juros, se existente, deve ser pequeno — o que repetiu no relatório.

O BC também reiterou que, apesar de uma assimetria em seu balanço de riscos para a inflação para o lado altista, não pretende subir a Selic a menos que o quadro para o avanço de preços na economia ou o regime fiscal sejam modificados.

Fonte: Reuters

PIB tem queda recorde, mas agro mantém resultado positivo

Agronegócio

Setores de exportações e agropecuária registraram alta de 1,8% e 0,4%, respectivamente, no segundo trimestre de 2020

O PIB (Produto Interno Bruto  do Brasil) sofreu uma queda histórica de 9,7% no segundo trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período do ano, devido aos impactos da pandemia do novo coronavírus. Mesmo com a queda acentuada, algumas atividades foram menos impactadas, como exportações e agropecuária, únicos setores que registraram resultados positivos, com alta de 1,8% e 0,4%, respectivamente. O resultado foi divulgado nesta terça-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“O crescimento é devido à própria essencialidade do setor, que passa, praticamente, inatingido. O funcionamento e a logística da produção de alimentos foram assegurados desde o início da pandemia, o que garantiu a manutenção do agronegócio para atender as demandas de consumo. Isso também foi importante para os resultados positivos das exportações, que tem sua base no agro”, destaca o técnico do Departamento Técnico Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR, Luiz Eliezer Ferreira.

Segundo Ferreira, a alta nas exportações está relacionada à cotação do dólar favorável e às commodities agrícolas produzidas pelo Brasil, principalmente carnes, soja e milho, além de petróleo e minérios. Apesar da pequena participação da agropecuária no cálculo do PIB – cerca de 5% –, o setor demonstra expressiva relevância para a economia brasileira, principalmente quando se engloba a cadeia de insumos, transporte, comercialização e agroindústrias – neste caso, podendo chegar a 21%.

Para o técnico do Sistema FAEP/SENAR-PR, esse envolvimento com outros setores ajudou a minimizar os impactos, mantendo o agronegócio com desempenho positivo e também contribuindo para amenizar o abalo no panorama geral. Além disso, a perspectiva de safra recorde e a alta demanda da China pela soja brasileira colaboraram para que o setor do agronegócio fosse menos atingido.

“A safra 2019/20 já está toda comercializada e as vendas antecipadas da safra 2020/21 têm crescido bastante, principalmente devido à atratividade dos preços por conta do dólar. Ainda, a estimativa do VBP [Valor Bruto de Produção] de 2020 também é de recorde, ultrapassando os R$ 700 bilhões”, elenca Ferreira. “Uma safra cheia em momento de crise foi fundamental para preservar o agro”, acrescenta.

Outros setores

O resultado do PIB coloca a economia brasileira oficialmente em recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos com encolhimento do nível de atividade. Em valores correntes, o PIB do segundo trimestre totalizou R$ 1,653 trilhão. Apesar da queda histórica, o resultado veio de acordo com projeções de mercado e do governo federal.

Os setores mais atingidos pela crise foram indústria e serviços, com quedas recordes de 12,3% e 9,7%, respectivamente. Outros segmentos com resultados negativos incluem a indústria de transformação (-17,5%), comércio (-13%), construção civil (-5,7%) e indústria extrativa (-1,1%).

O consumo das famílias, considerado o principal motor do PIB há anos, marcou outro recorde negativo, com queda de 12,5%, enquanto o consumo do governo recuou 8,8%. As incertezas sobre a duração da pandemia e o baque no caixa das companhias provocado pela crise sanitária também tiveram impacto direto nos investimentos no país, que caíram 15,4% no segundo trimestre.

Fonte: Notícias Agrícolas