‘Agro do Brasil assume protagonismo no mundo crescendo 420% na produtividade em 60 anos e aumento de apenas 47% da área’, diz Tereza Cristina

O programa Canal Rural Entrevista desta terça-feira, 31, recebeu a chefe do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina. No comando da pasta desde o início do governo do presidente Bolsonaro, a ministra falou sobre o crédito rural, sustentabilidade na agropecuária, inflação dos alimentos e também sobre as eleições de 2022.

Confira na íntegra a entrevista exclusiva da ministra Tereza Cristina feita pelo diretor de conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira, e pela repórter de Política em Brasília Paola Cuenca.

Canal Rural – Produção de grãos próxima de 300 milhões de toneladas. Carnes com 28 milhões de toneladas. Receita cambial com potencial para US$ 120 bilhões. Tudo isso faz com que o agronegócio tenha uma participação decisiva no PIB, respondendo por mais de 30% do total. Podemos dizer que o agronegócio assume um protagonismo histórico no desenvolvimento econômico e social do país?

Tereza Cristina – Com certeza. Mas assume [esse protagonismo] não por acaso. Assume isso depois de 60 anos de pesquisa, de inovação, de muito trabalho em que os produtores rurais hoje vem produzindo cada vez mais, uma alta produtividade, usando menos espaço. Então, nós temos aí o Brasil, nesses últimos 60 anos, crescendo 420% na produtividade e com um aumento de somente 47% da área.

Canal Rural – A safra 2021/2022 começa com expectativa recorde de produção. Porém, já faltam recursos para investimentos. A gente sabe que o ministério pretende reorganizar os créditos entre as linhas de investimento para tentar fazer frente a essa situação. Como será essa redistribuição e quais linhas devem ter prioridade?

Tereza Cristina – Olha, o crédito oficial é sempre menor do que o que a gente gostaria que fosse, principalmente num ano fiscal difícil, com o orçamento apertado como o deste ano. Nós fizemos todo o esforço. Foram colocados R$ 13 bilhões para fazer a equalização dos juros, e esses recursos, hoje, já estão praticamente esgotados, principalmente no que se diz respeito aos investimentos, que é a maior demanda do setor. E com o crescimento da produção, com certeza, nós precisamos de mais investimentos em armazéns, onde nós tivemos aí um grande esforço, foram colocados mais de R$ 5 bilhões em linhas, [recursos] que não acabaram ainda, mas tende a acabar antes do final do ano.

Nós colocamos no Programa ABC que toda a área de sustentabilidade, recuperação de pastagens, introdução em áreas degradadas de agricultura que você precisa de investimentos para melhoria dos solos, recuperação desses solos, para que eles sejam colocados à disposição da agricultura e também de uma pecuária mais intensiva, menos extensiva, enfim, toda a parte de aves, que vem crescendo muito, suínos, então, parte aí das granjas, porque a agroindústria vem crescendo e tem que crescer na mesma proporção da produção. Nós gostaríamos de ter mais recursos, vamos alocando, nós estamos trabalhando olhando mês a mês como é que esses investimentos estão sendo tomados para que, se sobrar em algum lugar, eles possam ser realocados.

Agora, muito importante é dizer que o Ministério da Agricultura vem priorizando os pequenos agricultores, desde o primeiro dia que nós chegamos aqui no governo do presidente Bolsonaro, porque são eles que têm mais dificuldade em tomar esse crédito. [Para] Os grandes, hoje, nós fizemos a modernização do crédito rural, como novas ferramentas mais atrativas para que o mercado coloque recursos, mas os pequenos precisam dessa mão do Estado. E agora que a gente vem fazendo aqui desde o primeiro ano, e este ano, vocês puderam ver, que colocamos quase R$ 40 bilhões à disposição dos pequenos agricultores de todo o nosso país.

Canal Rural – Enquanto a busca por crédito é alta, há produtores que relatam dificuldades de acesso, devido à burocracia com documentos e entraves. O ministério tem algum plano em desenvolvimento com os bancos para facilitar esta tomada de crédito?

Tereza Cristina – Com certeza. O nosso Manual de Crédito Rural é antigo. Ele está sofrendo algumas modificações. Nós temos trabalhado junto aos bancos para diminuir essa burocracia. É claro que, quando você coloca dinheiro público, você tem vários órgãos públicos de controle que fazem a fiscalização do TCU [Tribunal de Contas da União] nesse crédito que é distribuído aos bancos. Então não dá para você, vamos dizer, deixar de ter alguma burocracia, mas nós estamos trabalhando para facilitar e para fazer com que esse crédito chegue mais rapidamente, e vou usar uma expressão um pouco vulgar: com menos penduricalhos.

Porque nós já temos o seguro rural obrigatório, temos o seguro rural privado, que vem crescendo muito que é importantíssimo, mas nós temos fiscalizado, fizemos convênios para que o produtor não tenha que comprar título de capitalização e outras coisas que encarecem o crédito e que tornam também isso mais demorado caso ele não tenha. Isso é proibido por lei. Nós temos trabalhado tanto na facilitação, na desburocratização e também nessa “venda casada”, para que ela não aconteça porque é ilegal. Para isso tem até um canal para você ligar e denunciar.

Canal Rural – O Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) tem sido tratado como prioridade neste Plano Safra. O volume disponível de crédito poderia ampliar a capacidade de armazenagem em mais 5 milhões de toneladas. Porém, isso não é suficiente para suprir o déficit no campo. Como a senhora acredita que o problema pode ser solucionado?

Tereza Cristina – [A solução é] O mercado livre colocar dinheiro, buscar recursos em outras linhas que não as oficiais. Agora, semana passada, nós tivemos um lançamento com o Banco do Brasil, que disponibilizou mais recursos próprios para empréstimo dessa linha tão importante. Eu tenho certeza que o mercado se regula. Grandes empresas que compram produtos como soja, milho, algodão, sorgo, também vendo a necessidade e a oportunidade, com certeza, irão investir. E eles têm outras instituições de onde também podem tomar, tem recursos de fora, tem fundos que podem alocar recursos também para fazer essa armazenagem.

Eu acho que nós estamos melhorando, quer dizer, temos muito ainda o que melhorar na infraestrutura. O governo vem apostando nisso. O ministro Tarcísio [de Freitas, da Infraestrutura] é um parceiraço nosso aqui, então, à medida que infraestrutura vai se estabelecendo através de ferrovias, através da hidrovia, através das rodovias, essas unidades armazenadoras vão se colocando nos lugares onde há demanda por armazenamento.

Nós estamos insistindo com o Banco do Brasil e no crédito oficial na demanda pelos armazéns dentro das propriedades. Porque, quando o produtor tem armazéns que são menores, mas ele pode reter a sua produção, vender na hora certa, sem colocar em armazéns gerais onde ele acaba pagando por esse serviço, e ele acaba vendendo às vezes antecipadamente. Essa é uma outra linha que o Ministério da Agricultura está trabalhando, principalmente, nos recursos do Plano Safra.

Canal Rural – A senhora mencionou a questão do mercado se regular, da tomada de crédito com recursos próprios dos bancos. Nesse sentido, tivemos recentemente a regulamentação dos Fundos de Investimento para o Setor Agropecuário (Fiagro), e, no ano passado, a Lei do Agro, que agora começa a entrar em prática. A senhora enxerga a entrada do mercado privado como algo realmente necessário? E como ficaria essa distribuição do crédito oficial e também do mercado privado para os produtores rurais?

Tereza Cristina – Nós trabalhamos todas essas ferramentas, não só a Lei do Agro, mas também o Fiagro, vamos dizer, foi gestado e discutido dentro do ministério. Para quê? Porque nós precisamos de mais alternativas. No passado, você tinha um engessamento em que só o crédito oficial, só o Plano Safra garantia esses recursos. Hoje, com essa flexibilização e com essas novas normativas, a ideia é essa mesmo, é atrair recursos do mercado de linhas próprias dos bancos mostrando que o agro é um bom negócio. Todo esse crescimento que nós vimos aí, com essas projeções de mais de 300 milhões de toneladas, se Deus quiser, para este ano ou já para o próximo ano com o aumento da safra, com todo esse crescimento nas proteínas de animais, de suínos e aves, todo esse crescimento, com certeza, mostra que é um bom negócio investir e colocar dinheiro no agro. Os bancos todos e o mercado de capitais colocam muitos recursos na área de habitação. Nós queremos concorrer com essa área, porque o agro brasileiro tem mostrado a sua capacidade de crescimento, a sua viabilidade. Com certeza, o mercado todo hoje olha com bons olhos e por isso veem esse crescimento de recursos não oficiais também para ajudar a estruturar esse crescimento da produção brasileira.

Canal Rural – Então, a tendência é que esse crédito oficial fique para os pequenos? 

Tereza Cristina – Com certeza. Essa era a nossa ideia desde o início. A pandemia atrapalhou um pouco, mas a ideia é que cada vez mais o crédito oficial sirva para financiar aqueles que têm mais dificuldades e que precisam de políticas públicas do governo chegando até eles.

Canal Rural – Analisando a economia de forma mais ampla, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reduziu a projeção do PIB agropecuário para 2021 de 2,6% para 1,7%, o que deve deixar o crescimento de 2021 abaixo de 2020, ano de maior crise da pandemia. A senhora acredita que essa porcentagem pode melhorar, o cenário pode ser revertido ainda nos próximos meses? 

Tereza Cristina – Isso é uma estimativa. Eu acho que agora tem que acompanhar e vamos verificando ao longo [do tempo] se ela volta ao que estava ou se vai ficar entre a projeção atual e a passada.

Canal Rural – No mês passado a senhora participou da Pré-Cúpula dos Sistemas Alimentares, em Roma. Na pauta do Brasil, as iniciativas para combater a fome e promover a agricultura sustentável. Qual sua expectativa para a cúpula definitiva, em setembro, em especial, com relação à carta que será publicada pelo secretário-geral da ONU?

Tereza Cristina – Foi muito importante a participação não só do Brasil, mas de todos os países da América, porque tivemos o mesmo entendimento. Você não pode ter um sistema de produção, como hoje a Europa tem, completamente diferente do que nós, aqui das Américas, temos. O encurtamento das cadeias, você produzir muito próximo de onde você vai consumir, é importante? É. Mas nós não podemos ter um único modelo. Esse único modelo não serve para todo o mundo.

Então, foi colocada a nossa posição, principalmente dos países do Hemisfério Sul, principalmente em relação à pecuária, porque existem hoje algumas correntes querendo diminuir o consumo de carne. Enfim, nós temos que ter equilíbrio em tudo. Nós não somos nem a favor de um excesso de consumo, nem a mínimo. Nós temos que ter equilíbrio nas dietas de todos os continentes, e respeitando também a regionalização e a parte cultural de cada povo.

Canal Rural – Ainda nesse contexto, em novembro acontece a COP 26 – 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, na Escócia. Como o Mapa está se preparando para esse evento? Como o Brasil pretende ser visto e como deve se posicionar perante a comunidade internacional? Além disso, a senhora estará presente no evento?

Tereza Cristina – Vou começar pelo fim da pergunta. Eu não sei se poderemos estar presentes. Hoje, com o problema da pandemia, nós temos dificuldades quanto à acomodação em Glasgow [na Escócia], enfim, uma série de problemas de deslocamento e logística, mas com certeza, nós estaremos, ou aqui ou lá, porque o Brasil terá aqui um estúdio, outro lá, mostrando os cases. E o Ministério da Agricultura vai com certeza, e nós temos muito o que mostrar. O Brasil é um país que trabalha a sustentabilidade já há muito tempo, então nós temos aí cases de sucesso, nós temos a nossa agricultura tropicalizada, nós temos aí duas ou três safras na mesma área todos os anos, nós temos aí uma série de cases. Nós temos integração lavoura-pastagem-floresta, nós temos um Código Florestal para o agro muito robusto.

Apesar de a Europa também estar trabalhando na modificação de soluções da sua sustentabilidade, do seu meio ambiente, o Brasil já faz isso há muito tempo. E temos problemas. Hoje, a agricultura vai mostrar uma série de coisas, inclusive, eu vou dizer aqui para vocês em primeira mão: nós vamos lançar logo, logo, acho que daqui há um mês, um programa muito robusto e interessante, uma política pública fundamental para o agro, que são as Águas do Agro, que é a conservação e a preservação da água dentro das propriedades rurais, já que os produtores rurais tem quase 25% de toda a vegetação nativa dentro das suas propriedades. E agora nós vamos incentivar, colocar políticas, para preservação de água e solo também dentro das propriedades.

Canal Rural – O agronegócio vive um bom momento no mercado internacional. A soja brasileira lidera de forma absoluta, e há também um protagonismo das carnes. O recente status de livre de febre aftosa sem vacinação conquistado por alguns estados vai impulsionar esse mercado?

Tereza Cristina – Eu acho que sim, principalmente nas carnes de suínos, que são as mais impactadas, por incrível que pareça, por esse status de livre da aftosa sem vacinação. O Paraná foi um dos estados que correu muito, fez muita força e conseguiu junto à OIE [Organização Mundial da Saúde Animal] esse status. Por quê? Porque tem grandes investimentos na área de suínos. E nós temos países que importam carne de suínos, e que são muito exigentes e que pagam melhor por essas carnes, que exigem esse status. No mercado de suínos, nós tínhamos só Santa Catarina [livre de aftosa sem vacinação] até agora, e hoje nós temos Rio Grande do Sul e Paraná, temos Rondônia, temos outros estados que também entraram nesse circuito com a carne bovina, que, com certeza, deverão agregar valor e atingir mercados mais exigentes.

Canal Rural – Este ano a carne suína deve estabelecer um novo recorde de exportação. No ano passado, foram cerca de 900 mil toneladas, e agora há grandes chances de superar 1 milhão de toneladas de carne suína embarcadas. Só que existe uma “assombração”, que é a peste suína africana. Como o ministério tem olhado para isso e se preparado para essa situação? Há algum plano de prevenção?

Tereza Cristina – Com certeza. Faz parte aqui dos meus pesadelos. O Brasil é livre de peste suína africana e assim nós queremos continuar. Nós tivemos uma notícia preocupante que foi essa doença chegando aqui nas Américas através da República Dominicana, então, todas as nossas luzes vermelhas foram acessas e hoje nós temos um plano de contingência, de prevenção. O Brasil não tem peste suína africana. Não mudem aqui a minha fala. Mas nós fizemos um grande programa, e estamos fazendo fiscalizações, um pente-fino mesmo, nos portos, aeroportos e nas entradas que temos também via terrestre nas nossas fronteiras.

Canal Rural – Existe alguma previsão para que outros estados brasileiros obtenham esse status de livre de febre aftosa sem vacinação?

Tereza Cristina – Sim. Já começamos. Nós temos aí o segundo bloco, que inclusive mais estados brasileiros estão nos pedindo para aderir. A Secretaria de Defesa Sanitária está trabalhando para desenvolver [o projeto] com esses outros estados que querem aderir. Mas isso leva no mínimo dois anos, porque tem todo um planejamento junto à OIE, que é no final quem te dá esse status. Já começaram, mas precisa toda uma adequação dos sistemas estaduais de defesa. O ministério cria o plano e depois vai lá fiscalizar e ver se está sendo executado. Mas quem trabalha isso na verdade são os estados que estão aí nesse programa.

Canal Rural – É muito importante a iniciativa dos estados?

Tereza Cristina – Sim. Sem eles, nada acontece. Se não houver vontade política e um trabalho intenso das secretarias nessa área de defesa, o estado não consegue. Não adianta o ministério querer se não houver isso. É preciso uma parceria muito firme, muito sólida, para que isso aconteça, entre estado e União.

Canal Rural – Enquanto no mercado externo nós temos indicadores positivos, no mercado interno a inflação dos alimentos é algo que preocupa atualmente. Qual é o trabalho que tem que ser feito para que o produtor, o agronegócio, não seja apontado como o vilão do aumento no preço dos alimentos?

Tereza Cristina – Eu costumo dizer o seguinte, que o papel do Ministério da Agricultura e o do produtor rural é produzir, e criar uma oferta maior. Você só tem preços menores se você tem uma oferta. A escassez traz preços altos, mas hoje o nosso problema no Brasil não é a escassez de produtos. Eu posso garantir, como eu disse lá no início da pandemia, que não vão faltar alimentos para os brasileiros. Mas nós temos aí hoje um mercado internacional muito ativo, muito importador de alimentos do mundo todo, e o Brasil é um desses países. Mas o nosso mercado interno está abastecido, e esse aumento da nossa produção mostra que nós vamos ter maior oferta, portanto, esses preços devem se equilibrar.

Aí tem outras variáveis como câmbio, que trazem esse aumento dos preços dos produtos. Mas a oferta continua alta e nós vamos, neste ano, se tivermos no período  de setembro a janeiro chuvas suficientes para essa produção, nós devemos ter, pelas estimativas, recordes. A safrinha é a nossa maior preocupação, porque este ano tivemos uma frustração. [Vamos] Torcer para que na safrinha também tenhamos aumento de área e uma produção alta, para poder fazer o abastecimento suficiente de grãos e quebrar essa barreira, se Deus quiser, dos 300 milhões [de toneladas]. Não é fácil, mas a gente torce. É possível, mas precisa dar tudo certo para a gente chegar nesse número recorde.

Canal Rural – Nesse sentido, o ministério está tendo algum plano, conversando com o Ministério da Economia e até mesmo com o Palácio do Planalto, de alguma ação para tentar frear o aumento dos alimentos? Talvez redução da Tarifa Externa Comum (TEC), como foi feito no ano passado?

Tereza Cristina – Sim. A agricultura brasileira hoje é uma agricultura que senta na mesa dos grandes, porque com o tamanho da nossa produção, a gente trabalha nessa mesa aí dos grandes. Nós temos conversado direto com a Economia, com o Palácio [do Planalto], nas reuniões ministeriais, falando sobre esse assunto que é um assunto que preocupa o presidente da República. Vamos dizer, o produtor está bem, mas nós temos também que ter o consumidor, primeiramente, abastecido. Isso nós estamos fazendo, mas precisamos de um equilíbrio entre esses preços e renda. Na verdade, a retomada da economia, dos empregos, é que pode trazer também esse equilíbrio. Quanto mais gente empregada, quanto mais pessoas com renda, para poder comprar os alimentos e aí essa inflação, que não depende só dos alimentos, nós temos outras variáveis que têm aumentado a inflação, por exemplo, hoje infelizmente a conta de luz por essa grave crise hídrica que nós estamos vivendo, que independe da [nossa] vontade. Isso aí, infelizmente, tem trazido preocupação na inflação do Brasil.

Canal Rural – A crise hídrica deve ter reflexos no agro. Como o ministério vem monitorando isso? A hidrovia do Tietê-Paraná deve ser paralisada, mas existe também algum risco para a irrigação? 

Tereza Cristina – Nós temos acompanhado isso também muito de perto. Eu faço parte do comitê que cuida da crise hídrica. O Ministério da Agricultura faz parte e tem se reunido semanalmente. Nós temos monitorado todo esse problema meteorológico muito de perto. Nós temos o Inmet [Instituto Nacional de Meteorologia] fazendo previsões, estimativas, sobre chuvas. Enfim, é preocupante. A irrigação realmente é o que mais sofre, que pode sofrer. A Agência Nacional de Águas (ANA) tem, por enquanto, previsões de que o problema hoje é mais na produção energética do que nas irrigações. Você tem alguns lugares em que as pessoas já estão trabalhando para irrigar de maneira mais pontual, mais fracionada, para poder utilizar essa água, porque todo mundo sabe que nós estamos vivendo um momento de seca.

Mas, na agricultura, na grande maioria da nossa produção, é feita dependendo das chuvas. Então, não é um problema que atinge toda a agricultura, mas um setor que irriga principalmente algumas culturas como o feijão. Tem muita coisa irrigada, nós temos as hortaliças, nós temos fruta, nos preocupa as culturas semi perenes como café, frutas, que nós temos aí algumas áreas que são irrigadas e que dependem disso para produzir. Então, tem um sinal amarelo e tá todo mundo trabalhando da melhor forma possível para utilizar também essa água nas horas certas e em quantidades suficientes, mas não sem, vamos dizer, uma conscientização que já existe, que nós vamos precisar economizar água.

Canal Rural – O STF iniciou o julgamento sobre a questão das demarcações de terras indígenas. O tema gera preocupação aos produtores rurais, principalmente no aspecto de possível mudança do marco temporal. Qual sua avaliação sobre uma possível insegurança jurídica que uma mudança possa trazer para os proprietários de terras?   

Tereza Cristina – [A preocupação é] Muito grande, porque se esse marco de 1988, que está na Constituição, não for reafirmado, é uma coisa que trará, já está trazendo, uma grande insegurança para o campo. Eu espero que o Supremo [Tribunal Federal] as pessoas que estão lá, que conhecem tanto a parte jurídica quanto a parte econômica, que tudo isso seja colocado na hora da votação, e eu espero que o bom senso prevaleça.

Canal Rural – O ministério criou o projeto de lei que institui o autocontrole sanitário para a defesa agropecuária. O relator na Comissão de Agricultura da Câmara, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), apresentou um substitutivo com algumas mudanças. Diante dessa mudanças, quais são as expectativas de como deve ficar essa questão do autocontrole e da fiscalização?

Tereza Cristina – O autocontrole é uma evolução. O Brasil hoje, com todo esse crescimento que nós acabamos de falar aqui, 27% das proteínas, principalmente as proteínas, ele é para tudo. São 19 segmentos e produtos que serão feitos através do autocontrole. Porque, quando se fala em autocontrole, você lembra logo de frigoríficos. Não são só frigoríficos. Mas é uma evolução. Nós não temos pernas para fazer toda essa fiscalização, e o que o ministério vai fazer é o que ele tem excelência, que é fazer a auditoria dos protocolos e dos processos que as empresas vão colocar.

Se eu sou uma empresa que exporto ou que faço um mercado específico ou faço mercado só interno, eu tenho lá um protocolo. Eu faço esse protocolo e o que o ministério vai fazer? Eu tenho lá os veterinários, a equipe interna para fazer essa fiscalização e esse acompanhamento, e o ministério vai lá auditar, ver se realmente o que aquele protocolo diz a empresa está fazendo. E outra coisa: quem é o dono da marca é que tem que cuidar e zelar pelo seu nome. Então, se a marca tem um nome e ela quer permanecer no mercado, vai ter que ter excelência nos seus protocolos.

Toda mudança cria algumas reações. Eu não vi ainda o relatório final do deputado Domingos Sávio, mas eu sei que de vez em quando ele tem conversado com o pessoal da Defesa [Secretaria da Defesa Agropecuária]. Isso é uma iniciativa do governo federal, do Ministério da Agricultura, porém o Congresso está discutindo, debatendo, fez várias audiências públicas com os diversos setores para aprimorar esse projeto de lei do autocontrole, e eu espero que ele passe rapidamente, porque eu acho que é um avanço para o setor privado, o setor que produz no nosso país. E o ministério vai ter mais tempo para fazer essa fiscalização e esse acompanhamento.

Canal Rural – A senhora mencionou que deve deixar o ministério em abril de 2022 para voltar a atenção ao processo eleitoral. O presidente Jair Bolsonaro disse ao Canal Rural que a senhora é quem deve indicar o sucessor. Já está definido quem será? A senhora deve concorrer para qual cargo em 2022?

Tereza Cristina – Eu sou deputada federal. Estou licenciada aqui no Ministério da Agricultura. Portanto, o meu caminho é voltar, e como a legislação prevê, eu tenho que sair do ministério até o dia 30 de março. Dia 2 de abril é o prazo final. Éé claro que eu vou deixar o ministério para voltar para a minha carreira política para concorrer a algum cargo no meu estado. Nós estamos lá debatendo [a qual cargo concorrerá], ou deputada federal ou ao Senado, enfim, alguma coisa por aí. Mas, sobre esse assunto, eu fui pega de surpresa pelo presidente. Vou conversar com ele em breve sobre isso. Não é ainda um assunto que está em cima da nossa mesa aqui e da nossa pauta.

Canal Rural – Nesses próximos meses, qual a mudança ou projeto que a senhora gostaria de ver implementado nessa etapa final da sua gestão frente ao Ministério da Agricultura?

Tereza Cristina – Olha, tem muita coisa em andamento. Eu acho que a gente não tem aqui que inventar mais nada. Nós temos que concluir todos os processos que foram iniciados nesses dois anos e meio em que estou à frente desta pasta. Eu gostaria de ver toda a parte de inteligência estratégica, o monitoramento de preços, as previsões, o planejamento para 2030 e 2050 do que é que vai ser a nossa agricultura e pecuária, tudo isso pronto. Eu também gostaria de ver Águas do Agro lançado e deixar isso como uma política pública, o autocontrole, enfim, tudo aquilo que a gente plantou, a melhoria do crédito. Temos aí algum tempo para trabalhar um pouco mais algumas coisas que da medida provisória da Lei do Agro precisam ainda de alguns ajustes. Eu acho que nós temos que terminar esse legado.

E também, uma grande preocupação minha, é regularização fundiária. Entregar os títulos definitivos, que foi uma das missões que o presidente me deu e que eu gostaria muito de poder [concluir]. Neste ano temos orçamento para isso, poder caminhar e entregar títulos definitivos por todo o Brasil, não só na região Norte, mas [também] na região Nordeste, na região Centro-Oeste, enfim, onde nós tivermos títulos definitivos que possam ser entregues, e também arrumar os assentamentos, que ainda temos aí muitos para entregar água. Enfim, é um processo longo mas que eu gostaria muito de ver concluído através do nosso Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária].

Soja brasileira deve continuar lucrativa em 2022, diz Datagro

A soja brasileira deve continuar lucrativa na próxima safra. Segundo um levantamento da consultoria Datagro, os ganhos deverão ser apenas um pouco abaixo dos excelentes desempenhos do ciclo atual.

Segundo a consultoria, pesam a favor de um bom resultado financeiro em 2022 “a perspectiva de boa produtividade média, em virtude do bom nível tecnológico e do clima ainda predominantemente regular em tempos de La Niña fraco”

De acordo com o coordenador de Grãos da Datagro, Flávio França Junior, por enquanto, o prognóstico de clima indica um La Niña para o final do ano. “Pegaria o verão no Brasil. O fenômeno, a principio, seria de fraca intensidade e rápido. Com isso, a gente fica sem uma previsão definitiva de clima. Por enquanto, nós não temos nenhuma anomalia prevista para safra de verão. E por isso trabalhamos com um cenário de normalidade”, explica.

Sobre a produtividade, França Junior diz que as lavouras não devem ter um desempenho “excepcional”, mas dentro de um padrão de normalidade. “O mercado ainda vai estar bem remunerador”, diz.

Segundo o coordenador da Datagro, o grande problema da nova safra será o custo de produção. “Os custos estão aumentando de forma generalizada, não é resultado apenas da taxa de câmbio. Neste ano, nós percebemos um aumento geral nos custos fixos, nos insumos, nas sementes. É um ponto limitante. Mas não é um impeditivo para um resultado positivo para soja. Se ele tiver uma boa colheita, terá um resultado positivo, mas abaixo do ciclo atual”, afirma.

Soja brasileira deve continuar lucrativa em 2022, diz Datagro

A soja brasileira deve continuar lucrativa na próxima safra. Segundo um levantamento da consultoria Datagro, os ganhos deverão ser apenas um pouco abaixo dos excelentes desempenhos do ciclo atual.

Segundo a consultoria, pesam a favor de um bom resultado financeiro em 2022 “a perspectiva de boa produtividade média, em virtude do bom nível tecnológico e do clima ainda predominantemente regular em tempos de La Niña fraco”

De acordo com o coordenador de Grãos da Datagro, Flávio França Junior, por enquanto, o prognóstico de clima indica um La Niña para o final do ano. “Pegaria o verão no Brasil. O fenômeno, a principio, seria de fraca intensidade e rápido. Com isso, a gente fica sem uma previsão definitiva de clima. Por enquanto, nós não temos nenhuma anomalia prevista para safra de verão. E por isso trabalhamos com um cenário de normalidade”, explica.

Sobre a produtividade, França Junior diz que as lavouras não devem ter um desempenho “excepcional”, mas dentro de um padrão de normalidade. “O mercado ainda vai estar bem remunerador”, diz.

Segundo o coordenador da Datagro, o grande problema da nova safra será o custo de produção. “Os custos estão aumentando de forma generalizada, não é resultado apenas da taxa de câmbio. Neste ano, nós percebemos um aumento geral nos custos fixos, nos insumos, nas sementes. É um ponto limitante. Mas não é um impeditivo para um resultado positivo para soja. Se ele tiver uma boa colheita, terá um resultado positivo, mas abaixo do ciclo atual”, afirma.

Agronegócio registrou superávit de US$ 10,1 bilhões em julho, aponta Ipea

Exportações

Apesar das quebras recentes na produção das culturas em período de colheita, com destaque para o milho de segunda safra, o agronegócio brasileiro registrou em julho saldo comercial positivo de US$ 10,1 bilhões, conforme dados compilados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Com isso, o superávit comercial acumulado de janeiro a julho somou US$ 64,045 bilhões, alta de 19,9% ante igual período de 2020. Os preços elevados têm garantido o crescimento, apesar da queda nas quantidades vendidas.

Segundo o estudo do Ipea, “julho foi um mês de acomodação das exportações”, após alguns dos principais produtos agrícolas vendidos pelo Brasil no exterior, como “café, açúcar, algodão e carne suína”, terem “alcançado um volume recorde de exportações ao longo do primeiro semestre de 2021”. Isoladamente em julho, os produtos com maior destaque nas exportações foram a soja, que teve safra recorde este ano, as carnes, o açúcar e o café, segundo o Ipea.

As exportações da agropecuária somaram US$ 72,703 bilhões no acumulado de janeiro a julho.

Grãos

O complexo soja (grãos, farelo e óleo) é o principal produto da pauta, com US$ 34,188 bilhões exportados nos sete primeiros meses do ano, salto de 24,4% ante igual período de 2020. Segundo o Ipea, “no acumulado do ano, o complexo soja segue com queda de 3,3% em volume e aumento de 24,4% em valor, o que é resultado do aumento de 28,6% nos preços médios do grão”.

No caso do milho, “a queda na produção doméstica decorrente de problemas climáticos” já limita “a capacidade exportadora do Brasil”, segundo o Ipea – embora, diferentemente da soja, “grande parte do que é produzido internamente é utilizada no mercado doméstico”. Com a seca e as ondas de frio, as exportações de milho em julho tombaram 36,4% em valor e 50,2% em quantidade diante do mesmo mês de 2020. O quadro só não foi pior porque, conforme o Ipea, o preço médio recebido pelo exportador de milho teve alta de 27,6% em julho ante julho de 2020 – no acumulado de janeiro a julho, o crescimento nos preços médios é de 22,2%.

Carnes

Já as carnes estão com desempenho divergente. As vendas de carne bovina ao exterior, no acumulado dos sete primeiros meses do ano, caíram 3,3% ante 2020, mas avançaram 8,5% em termos de valores. Isso porque os preços médios saltaram 31,9%, na mesma base de comparação. “O exportador de carne bovina tem enfrentado, além da baixa oferta de boi acabado (pronto para abate) no Brasil, dificuldade para a obtenção de contêineres para escoar seu produto”, diz o relatório do Ipea.

A dinâmica da produção de carne bovina no Brasil – segundo maior produtor e maior exportador mundial, segundo o Ipea – vem sendo marcada, nos últimos anos, pela peste suína africana (PSA), que a assola os rebanhos na China e países vizinhos desde 2018. Com a doença, quedas expressivas na produção chinesa de carne suína têm levado o gigante asiático e aumentar, e muito, suas compras de outros países. O Brasil é o fornecedor preferencial. Essa dinâmica tem feito os preços de carne bovina explodirem, tanto no mercado internacional quanto no mercado doméstico.

“A queda na oferta doméstica (de carne bovina no Brasil), observada desde 2020, continua se refletindo nos preços. Em julho, o preço médio de carne bovina embarcada chegou a US$ 5.280/t, contra US$ 4.003/t do mesmo mês em 2020 – o equivalente a um aumento de 31,9%”, diz o relatório do Ipea.

As exportações de carne de frango e de suíno têm dinâmica diferente porque há menos problemas relacionados à oferta de animais – aves e suínos têm ciclo de crescimento e abate bem menor do que o de bovinos.

Segundo o Ipea, o frango foi o segundo produto da pauta de exportação que apresentou a maior variação positiva em valor (47,3%) em julho diante do mesmo mês do ano anterior. A alta foi puxada por um crescimento de 15,4% em quantidade e de 27,6% no preço médio, na mesma base de comparação. No acumulado do ano, os dados também são positivos, com altas de 15,1%, 7,4% e 7,2%, respectivamente.

“O bom desempenho reflete o aumento da participação de novos destinos. Parte deles, como México, Filipinas e África do Sul, aumentou suas importações como consequência de problemas sanitários domésticos ligados a doenças no rebanho. Os embarques para esses países não só lideraram o aumento das exportações como também contribuíram para resultados acima dos obtidos no acumulado do ano”, diz o relatório do Ipea.

O café também foi afetado pelas geadas recentes, mas seu comércio exterior segue mais a dinâmica de estoques e preços internacionais, já que o impacto maior do clima na produção ficará para 2022. Em julho, segundo o Ipea, as exportações do grão caíram 15,9% na quantidade e 1,2% no valor em relação ao mesmo mês de 2020 – houve aumento de 17,5% no preço médio. No acumulado do ano, o café apresentou alta de 12,8% no volume embarcado e de 15,2% em valores, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Fonte: Canal Rural

Milho: indicador do Cepea fica perto de recorde histórico

Milho

O indicador do milho do Cepea teve um dia de alta dos preços e já está muito próximo de superar o recorde histórico da série, atualmente em R$ 103,23 por saca. A cotação variou 0,83% em relação ao dia anterior e passou de R$ 101,6 para R$ 102,44 por saca. Assim sendo, no acumulado do ano, o indicador valorizou 30,25%. Em 12 meses, os preços alcançaram 107,37% de alta.

Na B3, os contratos futuros do milho tiveram o movimento de alta interrompido por correções técnicas e a curva apresentou recuo. O ajuste do vencimento para setembro passou de R$ 102,46 para R$ 101,52, do novembro foi de R$ 102,78 para R$ 101,87 e do março de 2022 foi de R$ 102,97 para R$ 102,85 por saca.

Soja: negócios escassos e cotações com poucas variações

O indicador da soja do Cepea para o porto de Paranaguá (PR) teve mais um dia de variações pequenas e com negócios escassos. A cotação variou -0,33% em relação ao dia anterior e passou de R$ 169,25 para R$ 168,69 por saca. Dessa forma, no acumulado do ano, o indicador valorizou 9,61%. Em 12 meses, os preços alcançaram 44,07% de alta.

Em Chicago, os contratos futuros da soja alcançaram o terceiro dia consecutivo com valorização, porém, no período, a variação acumulada foi de apenas 0,7%. Na comparação diária, o vencimento para novembro subiu 0,12% e passou de US$ 13,594 para US$ 13,61 por bushel. O mercado avalia com cautela a evolução da demanda, sobretudo chinesa, pela soja norte-americana.

Café: Brasil tem preços firmes, apesar de queda em Nova York e do dólar

De acordo com a Safras & Mercado, as cotações do café no mercado brasileiro tiveram um dia de preços firmes mesmo com as quedas do dólar e dos futuros em Nova York. No sul de Minas Gerais, o arábica bebida boa com 15% de catação ficou estável em R$ 1.070/1.075, enquanto que no cerrado mineiro, o bebida dura com 15% de catação ficou inalterado em R$ 1.100/1.110 por saca.

Em Nova York, os contratos futuros do café arábica tiveram mais um dia de quedas e o mercado seguiu com bastante volatilidade. O vencimento para setembro recuou 0,64% e passou de US$ 2,0175 para US$ 2,0045 por libra-peso. Os investidores seguem divididos entre realização dos lucros e acompanhamento da ocorrência de geadas no Brasil.

Fonte: Canal Rural

Soja e milho têm preços estáveis a espera de dados do USDA

Soja

Milho: preços sobem no Brasil acompanhando Chicago

O indicador do milho do Cepea teve um dia de alta dos preços impulsionado pela ocorrência de geadas em algumas regiões produtoras. A cotação variou 0,59% em relação ao dia anterior e passou de R$ 86,63 para R$ 87,14 por saca. Assim sendo, no acumulado do ano, o indicador valorizou 10,79%. Em 12 meses, os preços alcançaram 80,49% de alta.
Na B3, os contratos futuros do milho atingiram o limite de alta, também reagindo à ocorrência de geadas em regiões produtoras. O ajuste do vencimento para julho passou de R$ 87,16 para R$ 93,26, do setembro subiu de R$ 88,41 para R$ 94,46, enquanto que o do março de 2022 foi de R$ 91,65 para R$ 98,07 por saca.

Soja: cotações ficam praticamente estáveis

O indicador da soja do Cepea para o porto de Paranaguá (PR) teve um dia de leve alta dos preços com Chicago apresentando estabilidade. A cotação variou 0,42% em relação ao dia anterior e passou de R$ 151,1 para R$ 151,74 por saca. Ainda assim, no acumulado do ano, o indicador teve variação de -1,4%. Em 12 meses, os preços alcançaram 32,28% de alta.

Em Chicago, os contratos futuros da soja tiveram comportamento misto com as posições mais curtas em alta e as mais longas em baixa. O vencimento para novembro, o mais negociado atualmente, ficou estável em US$ 13,124 por bushel. O mercado ficou dividido entre as previsões de clima seco e os resultados de estoques trimestrais que serão divulgados pelo USDA hoje.

Fonte: Canal Rural

Milho e soja continuam em queda

Milho

Milho: tendência de queda permanece no mercado brasileiro

O indicador do milho do Cepea teve um dia de baixa dos preços e chegou ao nono dia consecutivo de queda. A cotação variou -0,62% em relação ao dia anterior e passou de R$ 94,88 para R$ 94,29 por saca. Apesar disso, no acumulado do ano, o indicador valorizou 19,89%. Em 12 meses, os preços alcançaram 100,79% de alta.

Os contratos futuros do milho negociados na B3 tiveram quedas ainda maiores que nos últimos dias, seguindo movimento de Chicago e do dólar em relação ao real. O vencimento para julho passou de R$ 92,16 para R$ 89,98, do setembro caiu de R$ 94,70 para R$ 90,84, e o para março de 2022 recuou de R$ 97,95 para R$ 93,89 por saca.

Soja: cotação despenca e chega ao menor nível desde final de fevereiro

O indicador da soja do Cepea para o porto de Paranaguá (PR) teve um dia de baixa dos preços e chegou ao menor valor desde o dia 25 de fevereiro. A cotação variou -1,63% em relação ao dia anterior e passou de R$ 169,41 para R$ 166,65 por saca. Ainda assim, no acumulado do ano, o indicador valorizou 8,28%. Em 12 meses, os preços alcançaram 53,93% de alta.

Em Chicago, o mercado também teve queda forte seguindo a tendência observada em grande parte da semana passada. A principal pressão segue sendo do clima, com previsão de chuvas no Meio Oeste dos Estados Unidos. O vencimento para novembro recuou 3,02% e passou de US$ 14,386 para US$ 13,952 por bushel.

Café: baixa em Nova York reflete no Brasil

De acordo com a consultoria Safras & Mercado, o recuo observado nas cotações do café arábica em Nova York refletiu nas principais praças brasileiras. No sul de Minas Gerais, o arábica bebida boa com 15% de catação caiu de R$ 840/845 para R$ 820/825, enquanto que no cerrado mineiro, o bebida dura com 15% de catação passou de R$ 850/855 para R$ 830/835.

Em Nova York, as cotações do café arábica recuaram pelo segundo dia consecutivo e se afastaram ainda mais do patamar de US$ 1,60 por libra-peso. O vencimento para setembro caiu 2,13% na comparação diária e passou de US$ 1,596 para US$ 1,562. O mercado esteve pressionado negativamente pelas notícias de chuvas em regiões produtoras no Brasil nos últimos dias.

Fonte: Canal Rural 

Milho continua em alta e café bate R$ 800

Milho

Milho: saca rompe a barreira de R$ 100 pela primeira vez no Cepea

O indicador do milho do Cepea, calculado com base nos preços praticados em Campinas (SP), rompeu a barreira dos R$ 100 por saca pela primeira vez na história. A cotação variou 0,45% em relação ao dia anterior e passou de R$ 99,79 para R$ 100,24 por saca. Portanto, no acumulado do ano, o indicador teve uma alta de 27,45%. Em 12 meses, os preços alcançaram 105,49% de valorização.

Em Chicago, o contrato para julho fechou acima de US$ 7 por bushel pela primeira vez. O vencimento atingiu a marca de cinco pregões consecutivos de alta e subiu 1,69% na comparação diária, fechando cotado a US$ 7,084 por bushel.

Soja: queda do dólar trava mercado

A queda do dólar em relação ao real, que voltou a operar abaixo de R$ 5,40, travou o mercado brasileiro de soja, de acordo com a Safras & Mercado. Ainda assim, as cotações oscilaram entre estáveis e mais baixas, apesar da valorização do bushel em Chicago. Em Passo Fundo (RS), a saca caiu de R$ 177 para R$ 176, e no porto de Paranaguá (PR), de R$ 180 para R$ 178.

Em Chicago, os contratos futuros da soja tiveram mais um dia de alta. O cenário de estoques apertados e demanda firme impulsiona as cotações. O vencimento para julho teve uma valorização de 0,26% e ficou cotado a US$ 15,422 por bushel.

Café: arábica supera R$ 800 com disparada em Nova York

O mercado físico brasileiro do café arábica teve uma forte alta dos preços seguindo a disparada observada em Nova York. De acordo com o levantamento de preços da consultoria Safras & Mercado, no sul de Minas Gerais, o arábica bebida boa com 15% de catação passou de R$ 760/770 para R$ 800/805 por saca. O indicador do Cepea superou os R$ 800 por saca pela primeira vez na história.

Em Nova York, como dito anteriormente, os contratos futuros do café arábica tiveram um dia de forte valorização. Dessa forma, o mercado voltou a atingir o patamar mais alto desde fevereiro de 2017 impulsionado pelo clima seco em regiões cafeeiras do Brasil. O vencimento julho fechou o dia com alta de 6,8% e ficou cotado a US$ 1,4985 por libra-peso.

Fonte: Canal Rural 

Boi, café, milho e soja têm novas altas

Vamos Agro

Boi: indicador do Cepea chega a R$ 320 pela primeira vez na história

O indicador do boi gordo do Cepea teve um dia de alta dos preços e chegou a marca de R$ 320 por arroba pela primeira vez na história. A cotação variou 1,04% em relação ao dia anterior e passou de R$ 316,7 para R$ 320 por arroba. Sendo assim, no acumulado do ano, o indicador valorizou 19,78%. Em 12 meses, os preços alcançaram 60,72% de alta.

No mercado futuro, os contratos do boi gordo negociados na B3 voltaram a recuar. O vencimento para abril passou de R$ 314,25 para R$ 312,75, o para maio foi de R$ 309,65 para R$ 306,75 e o para outubro, de R$ 326,4 para R$ 326,4 por arroba.

Milho: cotações seguem firmes com cenário de oferta restrita

O cenário de oferta restrita segue sustentando as cotações do milho no mercado brasileiro, que cada vez mais tem preços buscando os R$ 100 por saca, de acordo com a Safras & Mercado. A cotação ficou em R$ 99/100 em Cascavel (PR), e em Campinas (SP), o preço ficou entre R$ 100 e R$ 102 por saca.

Em Chicago, o dia também foi de valorização dos contratos futuros do milho. O clima ruim na América do Sul tem sustentado a alta das cotações, pois favorece a demanda pelo cereal produzido nos Estados Unidos. O vencimento para maio subiu 2,41% e ficou cotado a US$ 5,94 por bushel, renovando a máxima do ano.

Soja: saca volta a subir apoiada por Chicago

O mercado brasileiro de soja voltou a apresentar preços mais altos, porém, de acordo com a consultoria Safras & Mercado, o fato de Chicago e do dólar terem atuado em direções opostas fez com que os negócios ficassem travados. Em Passo Fundo (RS), a saca passou de R$ 169,50 para R$ 171, e no porto de Paranaguá (PR), ficou estável em R$ 176.

Em Chicago, após alguns dias de baixas, as cotações da soja subiram de maneira expressiva. O mercado especulou a possibilidade de transferência da área da oleaginosa para o milho nos Estados Unidos. Com isso, o contrato para maio fechou em alta de 1,47% a US$ 14,10 por bushel.

Café: arábica tem valorização pelo sétimo dia consecutivo

O indicador do café arábica do Cepea, calculado com base nos preços praticados em Minas Gerais, São Paulo e Paraná, alcançou o sétimo dia consecutivo com valorização. A cotação variou 1,79% em relação ao dia anterior e passou de R$ 730,81 para R$ 743,91 por saca. Desta forma, no acumulado do ano, o indicador teve uma alta de 22,62%. Em 12 meses, os preços alcançaram 27,8% de valorização.

Em Nova York, pelo terceiro dia seguido as cotações do café arábica subiram acima de 1% na comparação diária. O contrato com vencimento para julho, o mais líquido no momento, teve alta de 1,59% e passou de US$ 1,3195 para US$ 1,3405 por libra-peso.

Fonte: Canal Rural

Crédito rural: contração em nove meses foi 22% maior na safra 2020/21

Exportações

Segundo o Ministério da Agricultura, de julho do ano passado a março de 2021, os produtores tomaram R$ 169,444 bilhões emprestados.

Os produtores rurais contrataram R$ 169,444 bilhões em crédito rural nos nove primeiros meses da safra 2020/2021 (julho de 2020 a março de 2021), o que representa um aumento de 22% em comparação com igual período da safra anterior 2019/20 (R$ 139,398 bilhões). Os dados são do Balanço de Financiamento Agropecuário da Safra 2020/2021, do Ministério da Agricultura.

Desse montante, R$ 90,77 bilhões foram destinados para custeio (aumento de 18%), R$ 53,39 bilhões para investimento (+43%), R$ 15,51 bilhões para comercialização (-3%) e R$ 9,77 bilhões para industrialização (+7%).

Conforme o balanço do ministério, as contratações de crédito rural realizadas pelo conjunto dos pequenos e médios produtores, no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp) totalizaram R$ 47,1 bilhões, distribuídos em 1.311.710 operações.

Este foi o maior volume de recursos já observado em igual período de safras anteriores, informa o governo. No total contratado desses dois programas, houve um aumento de 11,2%, sendo 17% no Pronaf, e 5% no Pronamp.

Os demais produtores aumentaram acentuadamente sua demanda de crédito para investimentos (61%), sendo que para os pequenos e médios produtores se situou, respectivamente, em 8% e 0,2%.

As contratações totais de crédito rural aumentaram 26%. O aumento na utilização relativa de recursos em fontes não controladas teve crescimento de 32%, principalmente os provenientes da emissão de Letras de Crédito do Agronegócio – LCAs (30%) e os recursos livres (78%), em sua maior parte utilizados por grandes produtores.

No que se refere à utilização de recursos da fonte Poupança Subvencionada no crédito rural, a participação dos demais produtores foi de R$ 14,51 bilhões (43%) no custeio e de R$ 4,23 bilhões (42%) nos investimentos.

No âmbito dos programas de investimento, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), administrados pelo Ministério da Agricultura, os principais destaques, em valor contratado e respectivo aumento, foram o Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA): R$ 1,76 bilhão (62%), o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro): R$ 1,56 bilhão (27%), o Programa de Incentivo à Irrigação e à Produção em Ambiente Protegido (Moderinfra): R$ 747 milhões (112%) e o Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop): R$ 597 milhões (151%).

O diretor do Departamento de Crédito e Informação, Wilson Vaz de Araújo, do Ministério da Agricultura, destacou no comunicado o crescimento de 30% na utilização de recursos das LCAs no crédito rural, do qual participa com 15%, se situando em R$ 26,14 bilhões.

Ele ressaltou, ainda, o elevado crescimento da demanda por crédito rural, notadamente para investimentos. “Isso resulta do bom desempenho do setor agropecuário, evidenciado pelo aumento de suas exportações em 2020 e no início de 2021, pela previsão da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para a atual safra 2020/21, 272,3 milhões de toneladas de grãos, aumento de 6%, e pela estimativa do Valor Bruto da Produção, que deverá atingir mais de R$ 1,0 trilhão em 2021”, conclui.

Fonte: Canal Rural